BREGA OU CHIC

KITSCH OU CAFONA ?

Quando eu era criança, em Aparecida do Norte- SP, minha mãe tinha uma loja típica da região, cheia de Santos, quadros, pôsteres de artistas e objetos que eu costuma classificar como “cafonas”.

Divertia-me com as réplicas grosseiras das flores de plástico, objetos de porcelana de baixa qualidade, bibelôs, quadros com detalhes de asa de borboleta e cheios de glitter, luzinhas coloridas e espelhos.

O que para mim era brega, vendia como água para os turistas da cidade e eu ficava imaginando como seria a decoração da casa deles? Onde eram colocados aqueles objetos de gosto duvidoso ?

Passaram-se muitos anos e hoje vejo alguns desses objetos vendidos em lojas de decoração, reciclados e com mais qualidade.
Com uma nova releitura, mas com a mesma essência, como, por exemplo, os pinguins de geladeira, jarros em formato de abacaxi, imãs de geladeira, quadros com imagens de santos e outros facilmente encontrados em muitas decorações modernas

São os chamados objetos Kitsch, hoje aceitos pela elite cultural e pelos profissionais da decoração e arquitetura.
Eles são usados em alguns ambientes para dar mais humor a decoração.

Ou, em alguns casos, como lembranças deixadas por algum ente familiar, ou, ainda, como parte de uma crença religiosa.

O termo Kitsch se enquadra também as preferências musicais.
Alguns ritmos foram ganhando espaço e a preferência de alguns grupos da chamada elite intelectualizada, que antes rotulavam o estilo como brega, passou a escutar, de uma forma descomprometida e até mesmo disfarçada.

Hoje as classes A e B gostam do brega por considerar cool gostar de algo que está fora da indústria cultural, o que fez com que antes era brega, deixasse de ser brega e virasse Kitsch.

Podemos citar a cantora Gaby Amarantos, Calypso,  Grupos de Forró, Sertanejos, Sidney Magal, Waldic Soreano e a turma da Jovem Guarda, que antes faziam sucesso entre um público específico, e hoje passaram a ter mais visualização na internet e, consequentemente, conquistado um publico mais elitizado, com músicas que também ultrapassam as fronteiras brasileiras.

A TV está sempre apresentando novelas e seriados com personagens no estílo kitsch, como, por exemplo, a novela da TV Globo “Cheias de Charme”, que abordou diretamente o brega, tanto no figurino das atrizes principais, como na trilha sonora e na decoração de algumas casas dos personagens.

A moda também tem roupas no estilo Kitsch. Mas a moda é muito democrática e não dá mais pra rotular o que é feio ou bonito, brega ou chic, bom ou ruim. Tem espaço para todos os gostos. Mas, é preciso ter bom senso.

A mistura de estampas, quando feita com prints que “conversam” entre si, fica moderna e atual.

Caso contrário, ficará brega e fora de moda.

DE ONDE VEM O TERMO?

A expressão Kitsch deriva do termo alemão “Kitschen” que tem o sentido de estorvar, e era empregada a objetos notadamente de baixa qualidade. Inicialmente era usado na decoração.

As principais características deste estilo são a reprodução em larga escala, como, por exemplo, a dos santinhos distribuídos com a intenção de divulgar preces e novenas, e as réplicas dos quadros famosos.

É sempre associado a objetos de gosto duvidoso, considerados inferiores aos originais e muitas vezes, são apelidados de “bregas” no Brasil.
No entanto, hoje, não há mais espaço para rótulos. O que antes era brega virou chic, regras foram quebradas, o colorido e chamativo ganhou espaço em muitas casas.

Na decoração o Kitsch ganhou novos adeptos e virou moda.
Eu, por exemplo, adoro os pinguins de geladeira e tenho vários deles. Tenho objetos que trago comigo há muitos anos e que, apesar de não combinar nada com o estilo da minha decoração, fazem parte dela.

E você? também gosta do estilo? Tem roupas  ou objetos Kitsch ?
Se não tem, está na hora de comprar um. É possível encontrar no mercado réplicas repaginadas e muito estilosas, como os abacaxis de porcelana que são considerados chiques e  combinam com todos os estilos.

Para ilustrar melhor esse post, que tal assistir a esse vídeo do Grupo Calypso cantando uma música muito brega e que é tema de um seriado da Rede Globo.

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